Em preparação para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Sharm El Sheikh, Egito, a Câmara de Comércio Internacional (ICC) publicou uma carta aberta, destacando a importância para as empresas de uma COP27 bem-sucedida.
Com o futuro da colaboração internacional no domínio do clima em jogo, o Secretário-Geral da ICC, John W.H. Denton AO, enviou uma carta aberta aos Ministros do Ambiente e Chefes das Delegações.

Na carta, John Denton escreveu:

“Caros Ministros,

Escrevo em nome da comunidade empresarial global – e na nossa qualidade de principal interlocutor empresarial na UNFCCC – à frente da COP27.

Cada COP é importante para as empresas globais e reconhecemos o papel fundamental que o setor privado tem no processo de implementação do Acordo de Paris – como um recurso inestimável de perícia, mas também vital para incentivar a ação acelerada e aumentar a mobilização de recursos.

A COP deste ano, contudo, é mais importante do que nunca. Apreciamos certamente a complexidade das decisões que os governos atualmente encaram em várias frentes, mas as alterações climáticas não são uma agenda que possamos dar-nos ao luxo de adiar na nossa agenda global. Caminhamos para atingir mais do dobro das temperaturas globais até ao final do século. Não foi isto que acordámos ao abrigo do Acordo de Paris e não foi o que os países reafirmaram na COP26, em Glasgow.

A finalização do Manual de Regras de Paris em Glasgow, incluindo um acerto tardio sobre o Artigo 6 do Acordo de Paris, foi uma conquista importante. Para que esta tenha significado, os países, na COP27, devem assegurar o que é necessário para implementar eficazmente as regras, cumprir a promessa de Glasgow de “manter 1.5 vivo” e, mais importante ainda, alcançar estes resultados para os mais vulneráveis às alterações climáticas.

O mais importante é que os países cheguem à COP27 com contribuições nacionais mais fortes, de modo a colocar o mundo no caminho crucial dos 1,5ºC – cada um apoiado por planos claros e credíveis de descarbonização e financiamento que proporcionem um mapa evidente para o investimento empresarial num futuro net-zero. Além disso, é fundamental que os países desenvolvidos cumpram a sua promessa de mobilizar 100 mil milhões de dólares (norte-americanos) em financiamento climático para os mais vulneráveis e de reforçar ainda mais o financiamento de adaptação. Será igualmente importante aproveitar-se os mecanismos existentes e inovadores com vista a incentivar e permitir um maior investimento do setor privado para construir a resiliência nas economias emergentes e vulneráveis.

Finalmente, apelamos a que se fixe nos elementos pendentes para tornar os mecanismos do Artigo 6 plenamente operacionais sem demora, protegendo, ao mesmo tempo, a integridade ambiental e aumentando a ambição do Acordo de Paris. A investigação demonstrou que, se implementado com sucesso, o Artigo 6 tem um verdadeiro potencial para permitir aos países e às empresas avançar em conjunto em direção a um futuro net-zero e aumentar o tão necessário financiamento para os países em desenvolvimento. A clareza sobre a forma como os países pretendem que as suas entidades empresariais ajudem a desenvolver e apoiar o Artigo 6 é fundamental a este respeito.

Hoje, a comunidade empresarial global olha para si, para demonstrar a liderança necessária com vista a reestabelecer a confiança e a unidade de objetivos que são cruciais para fazer avançar o processo internacional de alterações climáticas e implementar com sucesso o Acordo de Paris.

Oferecemos-lhe todo o apoio para obter um resultado bem-sucedido em Sharm El Sheikh. Terei todo o prazer em me encontrar consigo caso deseje discutir mais aprofundadamente qualquer aspeto do acima exposto e terei o gosto em recebê-lo como convidado no primeiro pavilhão da ICC na zona azul da COP.

Atentamente,

John W.H. Denton AO

Secretário-Geral da Câmara de Comércio Internacional”

 

Faça o download da carta aberta aqui: cop27openlettertoclimateministers.pdf